Canção ao Longe 2022

O filme acompanha a trajetória da jovem Jimena, uma mulher preta, em busca de seu lugar no mundo. A personagem é filha de um homem negro e estrangeiro, com quem há muitos anos mantém uma relação apenas por cartas enviadas pelos correios. Ela vive com a mãe e a avó, mulheres brancas vinculadas a valores tradicionais em decadência. A sua pele negra é herança de um pai distante; a sua forma de vida é guiada pela educação que a mãe e a avó lhe deram. Essa duplicidade dos vínculos familiares provoca em Jimena uma sensação permanente de inadequação, radicalizada pelo silêncio que a família mantém sobre o seu passado.  

Durante os passeios pela cidade, nos dias de trabalho, ou nos vínculos de afeto que cria, a personagem experimenta o desejo de distanciar-se do aprisionamento familiar, e buscar seu lugar no mundo. Nas cartas, responde ao pai de modo a questionar a sua intransigência; com a mãe e a avó, cria uma distância que é também a busca por reconhecer a diferença entre elas e, assim, erguer um espaço próprio; trabalha e vive a cidade de modo a experimentar caminhos de maneira menos condicionada aos pactos familiares e mais aberta aos encontros e descobertas.  

Tendo como foco o rito de passagem para a maturidade, o filme narra o drama de Jimena e, de modo singular, a sua trajetória levanta questões de raça, gênero, tradição, família, juventude e urbanidade no Brasil contemporâneo.