Rastros, a paisagem invade 2012
- Clarissa Campolina
Sinopse
No corredor de entrada de uma antiga fábrica de tecidos de Belo Horizonte, 09 projeções compõem a instalação. As imagens e sons revelam o olhar de alguém que percorre, observa e deixa rastros pela cidade. Fragmentos de um cotidiano urbano compõem uma cidade particular: ora lúdica, ora vazia, ora delimitada por construções de diferentes épocas ou desenhada pelas sombras das árvores.
Apresentação
Ela continuou descendo a ladeira e já na esquina respondeu que o motivo que a levou até aquela rua era a ausência da resposta quando certa vez lhe perguntaram: “Como é a cidade em que você acorda todos os dias?”
Aquele era o décimo passeio que ela fazia no intuito de responder a essa pergunta. No entanto, sentia que quanto mais caminhava, mais longe ficava da resposta e mais próxima ela se sentia dela mesma e de uma cidade que era capaz de inventar. Sua relação com o espaço se tornara outra e com o tempo também. As ruas se transformavam em um lugar de espera e contemplação, derivas e imaginação. A paisagem a invadia.
Aos poucos, ela foi se tornando outra.
Não precisava abrir os olhos para que seus pés reconhecessem o chão e guiassem seus passos. Isso lhe dava uma liberdade de olhar e escutar o invisível e de não compreender as formas e os movimentos da cidade. Sentia-se estranha em sua própria rua, às vezes perdida... de repente um telhado, um reflexo de sol sobre a pedra, o cheiro de um caminho a faziam parar por um prazer especial que lhe davam e também porque pareciam esconder, para além daquilo que via, alguma coisa que a convidavam vir apanhar e que, apesar de todos os seus esforços, não chegava a descobrir.
Em alguns momentos ela fora impedida de fazer descobertas. A cidade impunha seus limites com construções que barram o olhar e inibem o imaginar. Sozinha, ela desejava atravessar paredes, entrar nas casas sem ser convidada, conversar com as pessoas que caminham apressadas do outro lado da calçada. Passava horas olhando pelas frestas dos portões, inventando histórias para os pés que entrevia e para as palavras soltas que ouvia. Muitas vezes voltava para casa com a sensação de que a rua não era o lugar do encontro. Nesses momentos, que percebia só ser possível lidar com a concretude do espaço, ela se via em um canteiro de obras. A cidade não cessava de se construir.
Ainda me pergunto onde ela esteve. Para onde esses passeios a levaram. Quantas cidades ela encontrou.
Exibições
CentoeQuatro : Praça Rui Barbosa 104, Belo Horizonte
ABERTURA 3/12 | 20 horas
Ficha Técnica
Realização
Produção
- Teia
- Centoequatro
Produção Executiva
Cenografia
- Joana Hardy
- Elena Valle
Montagem dos vídeos
- Clarissa Campolina
- Luiz Pretti
Desenho de som
- O Grivo
Assistente de realização e montagem
- Paula Santos
Finalização
- Lucas Campolina
- Lucas Sander
Assistentes de Produção
- Tati Mitre
- Alexandra Duarte
Projeto gráfico
- Hardy Design
Projeto técnico
- EAV Engenharia